Geografia
Agosto 30, 2006 at 10:58 am 7 comentários
Do meu lugar não há registos
nem mapas
nem retratos.
Para falar dele terei de mencionar
um raio de sol manso
a nascer na transversal
das tábuas do soalho.
O meu lugar é a pura geografia.
Sem o sítio.
Mais o sítio.
Continente doce onde se inscreve
o pão de cada dia
e a mecânica dos ossos a ranger.
No meu lugar
a primavera nasce
suave e rumorosa
suspensa sobre pétalas de luz.
Cada pequeno animal
sai da pedra que o protege
e corre pelo seu mundo que é também o meu mundo
e leva os meus olhos
e regressa com perguntas.
O meu lugar existe
porque existe uma andorinha a dançar
em seu redor
e tudo se torna verde e depois maduro
e há um sumo de laranja
que escorre dos lábios por volta do meio-dia.
No meu lugar há círculos abertos
e todas as poções intentam misturar-se
para que a voz do coração se torne
num ofício de ventos e de cravos.
O meu lugar
é tão belo.
É tão belo
e tão breve
o meu lugar.
José Fanha
Do blog de José Fanha em zefanha.blogspot.com
Entry filed under: Poemas do Mundo.
7 comentários Add your own
Deixe um comentário
Trackback this post | Subscribe to the comments via RSS Feed
1. licinia quiterio | Outubro 19, 2006 às 8:21 am
Poema belíssimo. Suave e profundo, de um dos nossos maiores poetas da actualidade. Parabéns pela escolha.
2. manuela | Maio 15, 2008 às 10:48 am
nossa ótimo foi po q tava procurando além de ser belissimo
3. milley cyurus | Outubro 19, 2009 às 10:39 pm
you y love es poeme y burifary
es may neime milley cyurus
milleycyurus_hannah@hotmailmontana.com.br
4. Crítico especialista de poemas | Fevereiro 27, 2016 às 11:51 pm
Não acho, hum…
5. jocieli eggert rodrigues | Fevereiro 8, 2012 às 9:42 pm
lindo poema adorei parabens
6. Yandere | Fevereiro 27, 2016 às 11:50 pm
Oie!
7. Nunca saberá meu nome! | Fevereiro 27, 2016 às 11:48 pm
Oie pessoas!